Assim que nascemos adquirimos a capacidade de fazer barulho, exceto em casos de deficiência do aparelho fonador. O choro é a forma que o bebê encontra de chamar a atenção, de reclamar de qualquer incômodo e pedir alimento. No começo, a audição pode não lhe parecer tão útil. Mas, ao decorrer da vida, haverá a necessidade do equilíbrio entre falar e escutar. Ainda que sejam duas habilidades valiosas, encontramos na Bíblia uma ênfase maior sobre a importância de ouvir (Pv. 1:5; 8:33; 2:2; 4:1; 5:1-7; 7:24; 8:6-32; 13:1; 19:27 | Jr. 6.17 | Is. 41:26 | Dt. 28:1-2,15).
“O Senhor Deus me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem” (Isaías 50.4).
“Inclinai os vossos ouvidos e vinde a mim. Ouvi e a vossa alma viverá” ( Isaías 55.3).
“Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor” (Ezequiel 37.4).
“Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos” (Eclesiastes 5.1).
Uma vez, o Senhor disse, em tom de pesar: “Ah, se Israel me ouvisse… Mas o meu povo não quis ouvir a minha voz. Oh, se o meu povo me tivesse ouvido… Eu abateria os seus inimigos e viraria a minha mão contra os seus adversários, e o sustentaria com o trigo mais fino, e o fartaria com o mel saído da rocha” (Salmos 81.8,11,13,14,16).
“Ah, se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar” (Isaías 48.18).
Nós queremos fazer e dizer diversas coisas, mas necessitamos também parar e ouvir, como Maria, que se aquietava aos pés de Jesus (Lucas 10.39). O ativismo pode se dar na direção incorreta, quando não se ouve, com antecedência, as orientações e instruções necessárias. Digamos como Samuel: “Fala Senhor, porque o Teu servo ouve” (1 Samuel 3.10).
Damos valor a diversas aptidões humanas, mas não é de costume destacar aquela que Tiago deu ênfase: “Portanto, meus amados irmãos, todo homem seja apto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar” (Tiago 1.19). Falar e se irar antes mesmo de ouvir pode ser a fórmula do desastre. De fato até mesmo as pessoas que são dotadas de autoridade precisam ouvir antes de julgar e tomar uma decisão.
Na conexão de Deus com os homens, Ele nos envia a Sua Palavra, mas será que nós a recebemos de forma correta? Nós precisamos receber com atenção o que Ele tem a nos dizer. Em relação à Bíblia, tanto na época de seus escritores quanto agora, é importante ouvir a história, a lei, os profetas, o evangelho, enfim, cada parte com seus propósitos específicos. Aquele que recusa a ouvir, anula os resultados positivos que a Palavra teria, restando-lhe apenas o efeito condenatório.
“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável” (Provérbios 28.9). Quanto maior o conhecimento bíblico, melhor poderemos orar. Ao ouvirmos a Palavra de Deus, ela entra em nós e passa a falar de dentro para fora, ecoando na consciência, nos conceitos e no que falamos. Ela começa a agir e produz frutos de acordo com a receptividade dos nossos corações. Porém, quem rejeita a palavra conserva sua própria ignorância e incredulidade.
“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus” (Romanos 10.17).
É necessário ter prudência em relação ao que ouvimos, pois a nossa fé é determinada e afetada por isso. Esse é um bom motivo para rejeitarmos alguns tipos de música que funcionam como veículos de ensinamentos malignos. Que a gente não se esqueça que o primeiro pecado humano veio justamente de uma tentação verbal.
De volta à Palavra de Deus, a leitura, ainda que essencial, não substitui a audição (ou a linguagem de sinais). Por esse motivo, o ministério da pregação é tão importante. O Senhor não disse “ide por todo o mundo e entregai uma Bíblia a cada criatura”. Podemos fazer isso, mas Jesus disse: “Ide e pregai o Evangelho”.
Por fim, depois de ouvir, precisamos obedecer. “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem sensato, que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava construída sobre a rocha” (Mt 7.24-25). “Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas. E sede cumpridores da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.21-22).
